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Métodos Computacionais no Ensino da Física
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1 Planilha eletrônica I

1.12 Linha de tendência

Na última parte desta aula, serão apresentados alguns recursos adicionais oferecidos pela planilha e associados principalmente a gráficos.

Para exemplificar, estudar-se-á um caso particular da transformação geral considerada até aqui: a transformação isotérmica. Como o nome indica, esta é uma transformação na qual a temperatura se mantém constante. No caso de um gás ideal, temperatura e energia interna são simplesmente proporcionais; portanto a energia interna também se mantém constante. Pode-se, então, caracterizar a transformação isotérmica pela condição matemática dE=0, ou ainda w=-q, sendo q e w expressas nas mesmas unidades. Fisicamente, isto significa que quando calor é fornecido ao gás, mantendo-se constante sua temperatura, este sofre expansão em vez de aquecimento. Para tanto, ele deve realizar trabalho positivo sobre o pistão que o segura. O trabalho de reação que o pistão realiza sobre o gás é negativo.

Serão construídas duas transformações isotérmicas, associadas a duas quantidades diferentes de gás, e exibidas no mesmo diagrama p-V. Tudo será colocado no arquivo com o qual já se está trabalhando, ou seja, haverá três planilhas no mesmo arquivo. Na verdade, esta é a configuração padrão do Calc. Na parte inferior da interface do programa, encontram-se três abas, cada uma delas associada a uma planilha. Pode-se dar nomes sugestivos às planilhas clicando com o botão direito do mouse sobre uma aba para fazer aparecer um menu contextual, e escolhendo o item Renomear planilha, como mostra a captura de tela abaixo (Figura 1.12.1).

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Figura 1.12.1: O menu contextual oferece a possibilidade de renomear uma planilha.
Abre-se uma pequena janela de diálogo apresentando um campo de texto no qual se pode digitar o nome desejado. Para a planilha já construída, digita-se Geral para lembrar que esta planilha considera uma transformação geral (Figura 1.12.2).
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Figura 1.12.2: A janela de diálogo para renomear uma planilha.

Para construir as duas novas planilhas, começa-se criando clones da planilha já construída. Para tanto, seleciona-se a primeira planilha (já denominada Geral) e, no menu Editar, clica-se o item Planilha e a seguir o item Mover/Copiar, como mostra a captura de tela abaixo (Figura 1.12.3).

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Figura 1.12.3: Seqüência de opções de menu para clonar uma planilha.
Abre-se uma janela de diálogo (Figura 1.12.4) na qual ativa-se a opção Copiar. Aparece uma nova planilha, que é na verdade um clone da anterior.
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Figura 1.12.4: Janela de diálogo para criar uma cópia de uma planilha.
Repete-se a operação para gerar outro clone. Renomea-se as planilhas assim geradas (Figura 1.12.5), atribuindo a elas os nomes Isotérmica 1 e Isotérmica 2, pois serão configuradas para descrever duas transformações isotérmicas.
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Figura 1.12.5: Os nomes atribuídos às planilhas são visíveis sobre as respectivas abas, na parte inferior da tela.
Deseja-se, porém, colocar as duas transformações no mesmo gráfico, portanto pode-se eliminar o gráfico de uma das duas novas planilhas, por exemplo Isotérmica 1. Pode-se também eliminar as planilhas Planilha 2 e Planilha 3, que não serão usadas. Para excluir uma planilha, clica-se sobre a sua aba com o botão direito do mouse e, no menu contextual que aparece, clica-se o item Excluir planilha.

Pretende-se implementar nas duas novas planilhas a condição que garante que a transformação seja isotérmica. Utilizar-se-á a taxa de fornecimento de calor q (contida na célula E4) como parâmetro independente; então, a potência w (contida na célula E5) deve ser calculada pela condição w=-q, mas é importante lembrar que foi convencionado fornecer q em calorias. O fator de conversão foi nomeado cal. Deve-se, então, digitar na célula E5 a expressão =-$E$4*cal, como mostra a captura de tela abaixo (Figura 1.12.6).

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Figura 1.12.6: Para implementar a transformação isotérmica, relaciona-se o trabalho realizado sobre o gás no intervalo de tempo (célula E5) com calor fornecido no intervalo de tempo (célula E4), transformado em Joules.
Ao fazer isso na planilha Isotérmica 1, você verificará que os valores calculados ajustam-se automaticamente de maneira que a energia e a temperatura agora se mantêm constantes. Faça a mesma modificação na planilha Isotérmica 2, escolhendo um valor diferente para a pressão inicial do gás p0. As outras condições iniciais sendo iguais, isso corresponde evidentemente a considerar duas quantidades diferentes de gás, ou seja, dois valores diferentes de n. Você pode achar interessante modificar o título das planilhas que consideram transformações isotérmicas, escrevendo Aquecimento e expansão de um gás ideal ou, mais precisamente, Transformação isotérmica de um gás ideal.

Você deve ter notado que, até aqui, o gráfico da planilha Isotérmica 2 diz respeito à transformação geral da primeira planilha. Não é o que se deseja; o gráfico deve ser modificado de maneira a visualizar nele as duas transformações isotérmicas. Entra-se no modo de edição do gráfico (clique duplo sobre este) e modifica-se primeiramente o título, digitando Transformação isotérmica. A seguir, clica-se com o botão direito do mouse sobre o gráfico para fazer aparecer um menu contextual no qual escolhe-se a opção Intervalos de dados. Veja a captura de tela da Figura 1.12.7.

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Figura 1.12.7: O menu contextual, aberto por um clique do botão direito do mouse sobre o gráfico, oferece a opção de modificar os intervalos de dados.
Aparece uma janela de diálogo com duas abas; escolhe-se a aba Série de dados. A série de dados já incluída corresponde à planilha chamada Geral. Muda-se isto para 'Isotérmica 1', como mostrado na captura de tela abaixo (Figura 1.12.8). As aspas são necessárias porque o nome contém um espaço em branco.
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Figura 1.12.8: Janela de diálogo para a definição e/ou edição dos endereços das células contendo os dados do gráfico.
Será atribuído agora um nome sugestivo a esta série de dados. Esse nome deve estar contido em uma, ou mais, células da planilha. Pretende-se ter duas séries de dados no mesmo gráfico, e o parâmetro que melhor as diferencia é o número de mols n. Portanto, atribui-se à série de dados o nome constituído da concatenação dos conteúdos das células G8 (que contém o texto n (mol)=) e H8, que contém o valor numérico do número de mols. Evidentemente, trata-se das células relativas à planilha Isotérmica 1. Portanto, o Intervalo para Nome é $'Isotérmica 1'.$G$8:$H$8. Note que a sintaxe é a mesma que para especificar os intervalos de valores de X e Y. Não esqueça de incluir o ponto e os dois pontos. Veja a Figura 1.12.9. Se você quiser, você pode utilizar o botão de captura indicado nesta figura. Isso permitirá selecionar as células por cliques do mouse, em vez de digitar os seus endereços.
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Figura 1.12.9: A janela de diálogo permite definir os endereços da(s) célula(s) contendo o nome de uma série de dados. Este nome será utilizado na legenda do gráfico. Uma das setas aponta para o botão que permite "capturar" um endereço.

O próximo passo é inserir no gráfico a segunda série de dados, semelhantes aos anteriores, mas relativos à planilha Isotérmica 2. Para tanto, clica-se o botão Adicionar na janela de diálogo e repete-se os procedimentos descritos acima, substituindo Isotérmica 1 por Isotérmica 2 em todos os endereços, como mostra a Figura 1.12.10 abaixo. [As capturas de tela mostradas como exemplos nesta seção correspondem a valores 3 atm e 5 atm para a pressão inicial. O volume inicial é de 1 m3 e a temperatura é de 300 K. A taxa de fornecimento de calor é de 5000 cal/s.]

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Figura 1.12.10: Definição dos endereços das células contendo os dados e o nome da segunda série, adicionada ao mesmo gráfico.

Tendo definido as séries de dados a serem mostradas no gráfico, pode-se arrumar os detalhes da aparência, em especial as escalas dos eixos. Para os valores citados acima, chega-se, por exemplo, ao gráfico abaixo (Figura 1.12.11). Note que se evitou juntar os pontos por uma linha, pois daqui a pouco será acrescentada uma curva contínua que aproxima os dados.

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Figura 1.12.11: O gráfico mostrando as duas transformações isotérmicas, com escalas e legendas dos eixos adequadas.

Antes disto, para que o usuário possa entender a diferença entre as duas séries de dados mostradas, é preciso incluir uma legenda. Para tanto, após entrar no modo de edição do gráfico, clica-se o item Legenda do menu Inserir, como mostra a captura de tela abaixo (Figura 1.12.12).

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Figura 1.12.12: Opção de menu para inserir uma legenda num gráfico.
Isto abre uma pequena janela de diálogo (Figura 1.12.13) na qual se pode ativar a opção Exibir legenda e escolher a colocação da legenda na área do gráfico, por exemplo a Direita.
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Figura 1.12.13: Janela de diálogo para definir a exibição, e a disposição, de uma legenda.

Aparece, então, a legenda, que utiliza para diferenciá-las os nomes que foram atribuídos às séries de dados, como mostra a captura de tela abaixo (Figura 1.12.14):
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Figura 1.12.14: Uma legenda foi acrescentada ao gráfico da Figura 1.12.11.

Muitas vezes, tem-se uma série de pares (X,Y) de valores numéricos e deseja-se determinar uma função contínua f(X) que forneça, em boa aproximação, o valor de Y para cada valor de X. Fala-se frequentemente de "ajustar" uma determinada forma funcional a valores numéricos dados. Na planilha, a curva que representa tal função num gráfico é chamada de linha de tendência. Serão associadas, agora, linhas de tendência às duas séries de dados mostradas no diagrama p-V para transformações isotérmicas. Serão, portanto, linhas representando funções p(V).

Para associar uma linha de tendência a uma série de dados, entre no modo de edição do gráfico e clique com o botão direito do mouse sobre a série em questão. Aparece um menu no qual você escolhe o item Inserir linha de tendência (Figura 1.12.15).

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Figura 1.12.15: Item de menu para inserção de uma linha de tendência, associada a uma série de dados.
Aparece uma janela de diálogo com duas abas (Figura 1.12.16). Uma delas apenas configura a aparência da linha, mas a outra permite escolher o Tipo de regressão, ou seja, a forma funcional do ajuste. Escolha o tipo Geométrica, que corresponde à função f(X)=bXa, onde a e b são parâmetros que a planilha determinará para conseguir o melhor ajuste possível. Você pode indicar que deseja que a equação resultante seja mostrada na tela.
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Figura 1.12.16: Janela de diálogo para a configuração de uma linha de tendência. A aba selecionada permite escolher o tipo de regressão desejado, e definir se a equação será exibida, ou não, na tela.

Fazendo o indicado acima para ambas as séries de dados, você deve chegar a um gráfico parecido com este (Figura 1.12.17):

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Figura 1.12.17: O gráfico mostrando as duas transformações isotérmicas, com as linhas de tendência associadas.
Evidentemente, neste caso, a função correta é fornecida pela lei dos gases:
p=nRT/V=p0V0/V ,
(1.12.1)
já que T é constante. Assim, a regressão geométrica com a=-1 e b=p0V0 corresponde exatamente à equação teórica, e serve meramente como verificação. Em muitos casos, a função teórica não é conhecida e a regressão é apenas um ajuste aproximado aos dados numéricos.