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A história do champanha

C. A. dos Santos

Na nota introdutória publicada no livro Current Topics in Nuclear Physics and Quantum Field Theory - Festschrift for Th.A.J.Maris , Darcy Dillenburg e Gerhard Jacob relatam um fato ocorrido durante o Simpósio de Física Nuclear realizado no IF, em dezembro de 1959. Estava em discussão o caminho a seguir para o desenvolvimento da física nuclear experimental em Porto Alegre:

Uma proposta foi a de enviar estudantes interessados e promissores a São Paulo por um ano, para adquirir treinamento fundamental na área de espectroscopia nuclear. Theo apresentou uma contraproposta, qual seja: começar trabalho experimental aqui, e imediatamente, da seguinte maneira: em não mais do que seis meses reproduziríamos por nós mesmos em Porto Alegre a bem conhecida medida da correlação angular gama-gama em 60Co. Uma garrafa de champanha foi apostada com os colegas de São Paulo. Três meses depois, o grupo que iniciou o trabalho experimental conseguiu realizar a experiência usando uma mesa de correlação angular de madeira (!): tínhamos ganhado a champanha.

Menos de um mês após a aposta, precisamente em 2 de janeiro de 1960, o prof. José Goldemberg escreve para o prof. Gerhard Jacob demonstrando-se convencido de que perderia a aposta. Depreende-se daí que foi ele o autor da proposta. Como relatado acima, por volta do mês de abril o experimento foi realizado, por Alice Maciel e Celso Müller, que mediram a correlação angular em Ni-60. Em 18 de junho, o prof. Goldemberg envia telegrama parabenizando o pessoal do IF.

Quase toda a história do champanha resumir-se-ia ao relato acima, não fosse pelo artigo A champanha de Cesar Lates (Cesar Lattes) recentemente descoberto, escrito por Ruy Bruno Bacelar de Oliveira. Infelizmente não sabemos nem o jornal, nem a data em que foi publicado. Há indícios de que foi em um jornal da Bahia.

De qualquer modo, trata-se de um documento interessante por causa da versão distorcida que apresenta o autor. Entre outras imprecisões, destacamos as seguintes. Inicialmente ele sugere que viu uma garrafa de champanha em uma das salas do IF. Faz citações sem dar autoria. Por exemplo: "Para nós ela é a champanha radioativa". Sugere que o experimento foi realizado em 1962, por Alice Maciel e Pedro da Rocha Andrade, e que "César Lates [Lattes], Jayme Tiomne [Tiomno], Mário Schenberg e muitos outros" teriam vindo a Porto Alegre para conhecer o trabalho dos dois pesquisadores gaúchos. Afirma que teria sido Cesar Lattes o autor da proposta de dar uma garrafa de champanha se os pesquisadores do IF conseguissem medir a correlação angular do urânio.

Alguém sabe mais sobre esse artigo de Ruy Bruno Bacelar de Oliveira?

Post-Scriptum

Antes de redigir o texto acima, fiz uma busca no Google, na tentativa de descobrir a origem do artigo de Ruy Bruno Bacelar de Oliveira (1938-2007). Nada informei aqui na expectativa de que alguém tivesse conhecimento deste fato o recordasse apenas com o auxílio da memória.

O atento e perspicaz Marcus Zwanziger teve a mesma ideia e descobriu a foto ao lado. Ele acha que Ruy foi estudante no IF nos anos 1960. Podemos verificar isso nos registros acadêmicos, o que não impede de apresentarmos aqui os dados disponíveis na Internet, na suposição que se trata da mesma pessoa.

Consta que foi professor de Geofísica/Sismologia na UNB e na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).

Neste endereço coletamos as seguintes informações:

Comunicamos, com profundo pesar, o falecimento do Prof. Dr. Ruy Bruno Bacelar de Oliveira , brasileiro, ocorrido no dia 25 de novembro de 2007 em Salvador-Ba.

Filho ilustre de Vitória da Conquista, ainda jovem graduou-se nos cursos de Física e Geologia no Brasil, e pós-graduação em geologia e geofísica nos Estados Unidos e Japão. Trabalhou nas maiores companhias de geofísica do mundo. Autor de diversos artigos técnicos tem grande reconhecimento nacional e internacional na divulgação do uso da geofísica e de técnicas de exploração. É membro da Sociedade Brasileira de Geofísica, da Academia de Ciência de Nova York e da Sociedade de Geofísicos de Exploração Mineral e Engenharia dos Estados Unidos.

 


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